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Reformule a construção da sua autoestima



A autoestima inclui uma avaliação subjetiva que uma pessoa faz de si mesma como sendo intrinsecamente positiva ou negativa em algum grau. Mas quando observamos a forma como “corriqueiramente” a maioria das pessoas utiliza o termo autoestima, me leva a concluir que se refere a algo que está fora delas. Mas não deveria ser assim, dado que a primeira metade da expressão, auto, parece indicar que a estima, a segunda metade da expressão, é derivada de si mesmo.


No entanto, se olharmos de perto, a autoestima está associada a questões exteriores à pessoa. Para um aluno, pode vir de boas notas, para um trabalhador, pode ser derivado de uma promoção ou um aumento, e para a maioria das pessoas, o louvor ou o reconhecimento proporcionam um aumento temporário da autoestima.


Estima vinda de terceiros


Uma vez que a autoestima acima descrita é paradoxalmente encontrada em fontes externas, enfrentamos um dilema: o que chamamos de autoestima é, de fato, a estima vinda de terceiros

É certo que ser aprovado ou avaliado por outros pode fazer com que nos sintamos bem, mas se trairmos o nosso eu autêntico para alcançar esses resultados, dizimamos o nosso valor próprio genuíno. Algumas pessoas se tornam agradáveis ​​e fazem grandes esforços para serem aceitas ou evitar o desagrado aos outros como forma de se sentirem valorizadas.


Nesses casos, elas não estão investindo na valorização adequada do senso de si próprias. O eu se torna subordinado às considerações dos outros.

A nossa cultura como um todo nos induz a esconder aspectos do nosso eu genuíno, como se aprendêssemos a esconder a nossa insegurança e vulnerabilidade, mascarando tudo isso dos outros, o que é totalmente destrutivo para o investimento em nós mesmos. Nós modificamos e moldamos tanto o nosso comportamento e, ainda mais, a nossa personalidade para alcançar a estima dos outros, que estamos subvertendo os nossos valores pessoais.


Muitos de nós realmente criamos máscaras de personalidade através desse esforço nocivo, apresentando para os outros a pessoa que julgamos que eles aprovariam. Isso apenas não é uma experiência autodepreciativa, mas também sabota os nossos relacionamentos, pois essas máscaras que passamos a usar nos prejudicam. Quando agimos dessa maneira, estamos realmente prejudicando o nosso bem-estar e atendendo às exigências, preconceitos e visão das outras pessoas.


Ao caminharmos nesta forma perversa de construção da autoestima, colocamos nos outros o “dever” de decidir se somos dignos. Este não é um lugar saudável para o desenvolvimento de nós mesmos, e é um exercício de derrota da alma.

Nunca devemos nos julgar com base em como pensamos que os outros nos vêem. No entanto, muitas pessoas são tão sensíveis ao julgamento dos outros que elas alteram o seu comportamento em prol da estima de terceiros.

Quem é o juiz?


A verdade simples é que os outros não podem (ou não deveriam) nos julgar. As pessoas podem ter opiniões sobre você, isso é inteiramente natural. No entanto, para elevar uma opinião de terceiros ao status de um julgamento, isso é simplesmente despropositado. Ninguém pode julgá-lo, a menos que você lhe conceda o poder de ser seu juiz.


Os julgamentos têm local e sede própria, e por isso são questões legais que estão regularizadas, sendo desenvolvidas em tribunais. No nosso dia a dia, não deveríamos dar a ninguém o poder de julgamento da nossa forma de ser e de agir. 

As opiniões dos outros, são isso mesmo, opiniões pessoais. Não eleve as opiniões pessoais ao estatuto de leis. Com uma medida mais saudável de autoestima, podemos tolerar mais facilmente as opiniões dos outros sem elevar as suas crenças ao status de julgamento e verdades objetivas.


A estima deve ser gerada a partir de dentro e pode então irradiar para fora.


Quando nos focamos externamente na aprovação, estamos procurando no lugar errado. E, ao fazer isso, subordinamos o nosso ser autêntico numa tentativa vã de felicidade. Tal realização é dependente e superficial, e prejudica a nossa evolução pessoal. Essa busca de afirmação externa é o que eu chamo de estima de terceiros. Quando vivemos esse drama em relação à aprovação, criamos problemas em torno da noção de rejeição.


O conceito de rejeição pode ser enganador. Com uma autoestima saudável, não se considera a rejeição. A outra pessoa pode não gostar de você ou pode te desaprovar, e você pode se sentir mal com isso. Mas não deve induzir a aprovação de si mesmo a partir da aprovação de terceiros.

Quando solicitamos a aprovação dos outros, podemos estar realmente rejeitando o nosso próprio eu, e simultaneamente degradando a nossa autoestima, por estarmos olhando pela perspectiva dos outros. Se essa aprovação não for concedida, temos o hábito de afirmar que fomos rejeitados.

Na verdade, rejeitamos a nós mesmos quando colocamos os outros como juízes do nosso valor próprio. O grau em que somos excessivamente sensíveis às opiniões dos outros é inversamente correlacionado ao nosso nível de autoestima.


Reformular a construção da autoestima


Uma reconsideração da nossa compreensão da autoestima pode ser útil para reformular as nossas expectativas culturais de felicidade. Quase todos os pais alegam que são completamente comprometidos na promoção da autoestima dos seus filhos.

Educadores e professores também atribuem grande valor ao desenvolvimento da autoestima nas crianças. No entanto, eu argumentaria que a maioria não compreende o que é verdadeiramente a autoestima.


Se um estudante que só tira notas altas ficar deprimido por ter tirado uma nota baixa, é bastante claro que a sua autoestima depende do seu desempenho. O desempenho deve ser visto como a cereja no topo do bolo, mas o bolo, por assim dizer, é o seu relacionamento com você mesmo.


Da mesma forma, a conquista esportiva ou a popularidade são coisas que podemos encorajar nos nossos filhos. Quando colocados na perspectiva apropriada, podemos ver que esses fatores podem melhorar as suas vidas. Mas é fundamental que esses objetivos de conquista não sejam as pedras angulares do seu valor próprio. Pois nesse caso, o aluno médio ou o atleta medíocre são relegados para uma baixa autoestima.


A autoestima é a base legítima para uma relação saudável com os outros e com nós mesmos. A autoestima genuína remove a construção da dependência tão prevalente na maioria dos relacionamentos e nos liberta para prosperar, à medida que as questões de rejeição e julgamento diminuem.


Se buscamos a nossa autoestima a partir do exterior, ficamos numa posição dependente. Quando a sensação de valor próprio emana de dentro, a vida desenvolve-se de forma poderosa.


Vulnerabilidade pode transformar-se em força


Muitas pessoas lutam com uma autoestima baixa. Elas passaram a acreditar em histórias limitantes e negativas sobre si mesmas e, portanto, as experiências da sua vida estão em conformidade com essas histórias. Quanto mais se esforçam para melhorar a autoestima, mais tentam esconder ou disfarçar a sua insegurança. Este é o cerne do problema. O caminho para o autovalor e poder pessoal requer abraçar a sua vulnerabilidade.


Somos culturalmente ensinados a agir fortemente e a esconder o nosso lado vulnerável. Na realidade, esta mensagem promove o medo e agrava as nossas inseguranças enquanto escondemos o nosso eu interior dos outros. Isso faz diminuir o nosso senso de autoestima, pois é aqui que nos diminuímos perante os outros quando nos abandonamos.


A chave para uma autoestima elevada é construída no processo de aceitação da sua vulnerabilidade, medos e inseguranças. Ao fazer isso, você se liberta dos julgamentos voluntários dos outros, pois não precisa se esconder. Você deve abraçar a sua vulnerabilidade para desenvolver a sua força interior.


Esta postagem não substitui a psicoterapia.

Procure um profissional da área para ajudá-lo.


Ivana Siqueira

Psicóloga Clínica

CRP 05|40028


Rio de Janeiro - RJ

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