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Entendendo e superando o legado de uma mãe narcisista com a terapia do esquema

mãe narcisista


Se você cresceu sob a influência de uma mãe com traços narcisistas, talvez esteja sentindo o eco de padrões emocionais difíceis, como busca excessiva por aprovação, culpa constante ou dificuldade em estabelecer limites. Neste artigo vamos explorar o que caracteriza uma mãe narcisista, como isso afeta os filhos desde pequenos até a vida adulta, os sinais que indicam esse padrão e, especialmente, como a Terapia do Esquema (Schema Therapy) pode ajudar a superar o legado e construir uma nova história de autonomia emocional.


O que é uma mãe narcisista?


Características centrais do narcisismo materno


Uma mãe narcisista tende a colocar suas próprias necessidades emocionais, como reconhecimento, controle, superioridade, acima das necessidades reais da criança. Isso pode se manifestar por meio de egocentrismo, manipulação emocional, exigência constante de validação, e uma dificuldade profunda em demonstrar empatia ou acolhimento genuíno.


Narcisismo grandioso vs. narcisismo encoberto


No narcisismo grandioso, o comportamento da mãe será mais ostensivo: busca de admiração, finalmente se mostrando como “superior”, se vangloriando. Já no narcisismo encoberto, pode haver uma face mais sutil: talvez a mãe pareça muito “boa”, altruísta ou exemplar, mas emocionalmente exigente, manipuladora ou silenciosamente crítica. Os filhos podem crescer com grande confusão: “Minha mãe era ótima, por que eu me sinto tão mal?”


O que mães narcisistas fazem com seus filhos pequenos?


Condicionamento e controle emocional


Desde cedo, a criança pode ser usada como extensão da mãe, para suprir carências ou projetar uma imagem. Há inversão de papéis (a criança cuida da mãe), culpa sistemática (“eu sofri tanto por você”), manipulação emocional (“se você não fizer isso, eu fico muito triste”) ou invisibilidade (“você nunca me ajuda, então não importa o que você precise”). Isso mina a autonomia emocional da criança.


Enfraquecimento da autoestima e identidade


Quando a mãe constantemente exige que a criança a coloque em primeiro lugar ou negue suas próprias emoções para satisfazer o ego materno, a criança aprende que suas necessidades não importam ou que só valem se fizerem a mãe valer. Isso impede o desenvolvimento de uma identidade saudável, o filho pode crescer sem clareza de “quem sou eu”, ou com crenças internalizadas como “eu nunca sou suficiente”.


Efeitos na vida adulta dos filhos de mães narcisistas


Padrões emocionais disfuncionais


Na vida adulta, esses filhos costumam carregar ansiedade crônica, medo da rejeição, dificuldade em expressar sentimentos e assertividade. Alguns vivem em constante culpa ou sensação de dívida emocional. Outros desenvolvem mecanismos de fuga ou dependência emocional para evitar reviver a sensação de abandono, invisibilidade ou rejeição.


Relacionamentos afetivos desequilibrados


Nas relações amorosas ou de amizade, pode haver repetição de dinâmicas: buscar pessoas que repetem o padrão da mãe (controladoras, narcisistas) ou ficar constantemente no papel de agradar, de salvar o outro, de se invisibilizar para manter a atenção. A tendência de mesclar amar e ser validado torna-se uma armadilha emocional.


Autoimagem e autovalorização prejudicadas


Frequentemente o adulto se vê como “defeituoso”, “inadequado” ou “menos que”. A autocrítica é exacerbada e o auto‑amor, escasso. Pode haver excesso de cobrança para compensar o que nunca foi recebido. Muitas vezes há dificuldade em acreditar que merecem cuidado, amor ou reconhecimento simplesmente por quem são.


Quais são os sinais de que você foi criado por uma mãe narcisista?


  • Você evita expressar seus verdadeiros sentimentos por medo de desagradar ou “desencadear” a mãe.

  • Há uma necessidade constante de aprovação e validação externa.

  • Você sente culpa quando coloca limites ou se distancia emocionalmente da mãe.

  • Experiência de que “nada que eu fizer é o bastante” para a mãe.

  • Dificuldade em confiar nas próprias percepções: você questiona se “realmente aconteceu” ou se “eu estou exagerando”.

  • Você repete padrões disfuncionais em relacionamentos ou sente que escolhe parceiros que espelham sua mãe.

  • Sensação persistente de vazio interior, ou de que está “apagado” para manter a paz.


O que fazer ao descobrir que sua mãe é narcisista?


Estabelecer limites claros e saudáveis


Reconhecer que você não é responsável pelas emoções ou comportamentos da mãe é fundamental. Isso pode significar: reduzir a frequência de contatos, limitar os temas permitidos, dizer “não” quando necessário, ou até buscar afastamento físico/emocional em casos mais extremos. Fixar limites não é egoísmo. Os limites protegem.


Romper padrões de culpa e medo


Você precisa aceitar que as reações da sua mãe não são reflexo de quem você é, mas sim da história e das feridas dela. Trabalhar para que a culpa que te amarra seja vista como “um eco do passado”, e não como obrigação sua, representa um avanço. Desafiar crenças como “eu falhei como filho(a)” ou “se eu não fizer, ela vai sofrer” é parte desse caminho.


Buscar apoio psicológico especializado


Ter uma mãe narcisista pode ser muito dificil, mas você não precisa enfrentar isso sozinho. Encontrar um terapeuta que conheça dinâmicas de narcisismo e trauma relacional pode ser importante. A terapia oferece espaço seguro para validar suas experiências, reconstruir sua identidade e aprender novas formas de ligação com o outro (e consigo).


Como a Terapia do Esquema pode ajudar?


O que é a Terapia do Esquema


A Terapia do Esquema é uma abordagem integrativa que combina elementos da Terapia Cognitivo‑Comportamental (TCC), teoria do apego, gestalt e psicanálise. Ela foi desenvolvida para tratar padrões profundamente enraizados, os chamados “esquemas iniciais desadaptativos” que se originam na infância quando necessidades emocionais básicas não foram atendidas. Esses esquemas passam a moldar nossas crenças, emoções e comportamentos ao longo da vida.


Identificação de esquemas disfuncionais formados na infância


No contexto de filhos de mães narcisistas, podemos encontrar esquemas como:


  • Defectividade/Vergonha: “Sou falho, ninguém realmente me aceita”.

  • Subjugação: “Preciso me colocar à disposição dos outros para ser aceito”.

  • Aprovação/Reconhecimento: “Só valho se fizer os outros me verem como bom”.

  • Dependência/Incompetência: “Não posso cuidar de mim, preciso que o outro decida por mim”.Quando a mãe narcisista condiciona o amor à performance ou nega a autonomia do filho, esses esquemas se enraízam.


Reestruturação emocional e fortalecimento do “eu saudável”


O trabalho com a Terapia do Esquema foca em:


  • Dar voz à criança vulnerável: reconhecer a dor, a injustiça, o luto de necessidades não atendidas.

  • Desafiar e transformar o pai crítico interno (ou externo) que repete a voz da mãe narcisista.

  • Desenvolver o modo adulto saudável: aquele que decide, cuida de si, estabelece limites, se relaciona de forma equilibrada.

  • Quebrar os estilos de enfrentamento (rendição, fuga ou supercompensação) que mantém o ciclo de padrões.


Desenvolvimento de limites internos e resgate da autonomia emocional


Com essa terapia você aprende a:


  • Reconhecer quando um esquema é ativado (por exemplo, ao sentir culpa depois de dizer “não”).

  • Intervir sobre ele: “Essa culpa é eco de um padrão antigo, não preciso me mover por ela automaticamente”.

  • Construir o relacionamento consigo mesmo de respeito e cuidado, definindo o que você aceita e o que recusa.

  • Ir além da sobrevivência emocional, e caminhar para a liberdade de ser quem você é, não quem teve que ser para agradar a mãe.


Conclusão


Crescer com uma mãe narcisista pode gerar feridas profundas, na autoestima, na confiança, na forma de se relacionar e de se ver no mundo. Mas essas feridas não precisam definir sua vida adulta para sempre. Ao reconhecer os padrões, validar sua história e buscar apoios adequados, você inicia um processo de verdadeira transformação. A Terapia do Esquema se destaca como um caminho especialmente eficaz para lidar com padrões tão antigos, porque vai além do sintoma, trabalha a raiz: a criança que não foi vista, as necessidades que foram negadas, o “eu” que nunca teve voz.


Ivana Siqueira

CRP 05/40028

Psicóloga Clínica

Terapeuta Focada em Esquemas








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