top of page

Aceitação ao invés de resistência

Atualizado: 20 de out. de 2021



A vida não é uma linha reta em direção a tudo quanto desejamos e nos faz sentir bem. As vezes, é como uma estrada bem sinuosa, cheia de buracos e obstáculos. Inevitavelmente as dificuldades que enfrentamos ao longo da vida nos causam dor emocional. No extremo mais adverso, ficamos deprimidos, sem esperança e ressentidos, nos tirando a paz de espírito.


Quando surgem situações difíceis na nossa vida que geram perda de algo ou de alguém, compreender e aceitar a inevitabilidade da situação é um passo importante a ser dado para surfar equilibradamente no turbilhão de problemas associados ao acontecimento negativo.


A aceitação não tem a ver com baixar os braços perante os acontecimentos, ou passivamente continuar a levar a vida em frente como se nada de terrível tivesse acontecido. Nada disso. A aceitação deve ser compreendida como o encarar a realidade dos fatos, tal como eles acontecem e são impostos pela condição da vida humana.

É igualmente importante ganhar a noção que desejar uma vida completamente estável, sem mudanças e imponderáveis, sem desafios e experiências significativas, é a antítese da própria vida. Este tipo de perspectiva mina os esforços para obtenção de equilíbrio emocional. E, o equilíbrio emocional advém de saber experienciar o impacto das emoções de forma assertiva com a realidade do momento.


Para enfrentar as tempestades da vida importa aceitar as lições que retiramos da própria vida. Através deste processo, podemos aprender a estar em paz com as ondas emocionais inevitáveis causadas pelo fato de estarmos vivos.


A vida é de extremos, às vezes é bipolar, e movida por opostos, por experiências antagônicas, nos permitindo experimentar as delícias do amor e as amarguras do desgosto. Estamos fisiologicamente equipados para suportar as lutas e as dificuldades. Estamos igualmente emocionalmente equipados para desfrutar do amor e do sucesso.

Estamos aqui para vivermos picos de alegria, e depois, às vezes, vivermos a experiência de dor. Nós estamos aqui para sentir o que é ser: ser humano.


Ser humano envolve tanto dor como alegria e amor


Como poderíamos saber o que é o frio se não experimentássemos o calor? Como poderíamos valorizar a alegria se não soubéssemos o que é a tristeza? O caminho que dista entre os opostos é o terreno fértil da nossa aprendizagem, e como tal, não há como fugir disso.

Em determinado momento das nossas vidas os opostos irão se fazer sentir e farão sentido. Não acredito que de forma saudável consigamos deixar de nos preocupar até determinado ponto, ou que consigamos não ficar abalados pelos momentos de adversidade nas nossas vidas.


O abalo, a decepção, a tristeza, a angústia são tudo formas de dor emocional, e sentir isso representa a nossa condição humana.

No entanto, o que pode abrandar, diminuir e apaziguar a dor emocional, o sofrimento e a angústia, é saber que isso é uma condição da vida, e como tal, saber aceitar permite enfrentar  a natureza dos acontecimentos difíceis com paz de espírito. Com a noção de que se está vivendo algo que faz parte da própria vida, e que todas as forças e recursos serão melhor aplicados na minimização dos danos causados, ou se possível no crescimento pós-traumático.


Aceitar os abalos e a dor, nada tem a ver com gostar, mas sim com a ideia de encarar de frente a realidade dos acontecimentos, para que possa ficar numa posição mais capacitadora na procura de soluções. Abra a sua mente.


Aceitar e se focar na sua dor é igualmente sinônimo de olhar as suas dificuldades atuais por uma perspectiva positiva.

Se permita aceitar a sua situação atual. Investigue as suas dificuldades, e se esforce para buscar o seu propósito de vida. Olhe profundamente para os acontecimentos negativos recorrentes na sua vida e de que forma emerge a sua frustração, qual a sua raiz e quanto contribui na ampliação do seu fardo. Até que a aceitação aconteça, a recorrência do sofrimento desmedido vai continuar.


Assim que você entenda que é importante abandonar o sofrimento quando este é prejudicial, uma transformação positiva toma lugar. Você vai perceber que apesar dos acontecimentos de impacto negativo continuarem a fazer disparar sentimentos negativos, estes não têm necessariamente de ser emocionalmente catastróficos. Você assume um determinado controle sobre a reação aos acontecimentos de natureza dolorosa. Você é a pessoa que decide o que sente relativamente ao que lhe acontece.


E, se assim for, a sua dor emocional estará sempre enquadrada com o respectivo significado que o acontecimento tem para você. É você que decide sentir o sofrimento emocional, quando percebe que se justifica e que está ligado a um determinado significado atribuído. É um sofrimento consciente, justificado e em paz de espírito.



Esta postagem não substitui a psicoterapia.

Procure um profissional da área para ajudá-lo.


Ivana Siqueira

Psicóloga Clínica

CRP 05|40028

Rio de Janeiro - RJ

Atendimento presencial e online

53 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page